“Talk That Talk” da Rihanna: Garota boa fica muito mais má
Rihanna toma as rédeas em seu novo álbum, que não é só o melhor de sua carreira, mas provavelmente o melhor álbum pop do ano.
Rihanna já virou uma menina má, foi classificada para maiores e fez barulho (tudo no tempo de quatro anos, acredite), o que meio que levanta a questão: o que restou?
Bem, se seu próximo ábum, “Talk That Talk” – nas lojas dia 21 de novembro – é uma indicação, nem ela tem muita certeza da resposta. Mas aqui vai a coisa mais brilhante sobre o disco: Ao invés de procurar por uma nova imagem popular, dessa vez ela simplesmente aguçou seu foco.
E fazendo isso, ela criou um álbum mais malvado, provocador e barulhento que tudo que ela fez antes; uma coisa interminavelmente convincente, cheia de hits, superpoderosa que não somente é a melhor da sua carreira, mas argumentativamente é o melhor álbum de 2011. “Talk That Talk” é mais forte que “Born This Way”, mais fatal que “Femme Fatale” e, mesmo que não possa vender mais que “21″ (porque, na verdade, qual álbum pode fazer mais que isso nessa altura do campeonato?), certamente é melhor trabalhado.
Basicamente, é o álbum que Rihanna absolutamente se entrega, levando sua imagem de “garota safada” ao limite, abraçando as boates com os dois braços, empertigando e cadenciando e audaciando seu caminho pelo pop contemporâneo. Ela trabalhou com os maiores criadores de hits da atualidade (Dr. Luke, Calvin Harris, Stargate, Bangladesh, No I.D., Hit-Boy, etc), e administrou um álbum que com certeza dominará as rádios num futuro previsível (o primeiro single “We Found Love” é o número #1 dos EUA, caso você não saiba), mas também mostra a interessante façanha de ser eternamente, obsessivamente interessante.
Pegue, por exemplo, a faixa de abertura “You Da One”, que começa do jeito tradicional da RiRi – construído num ritmo lento e com balanço – explode num refrão fantástico, então se contrai quase tão rápido quanto um nó. Ou “Where Have You Been”, uma música que não somente empresta a letra de “I’ve Been Everywhere” de Geoff Macks, mas contém um refrão que soa bastante como “Insomnia” do Faithless e uma quebra que relembra coisas como Skrillex.
Tem a batida futurístiva militar do título que rendeu no nome do álbum (que tem a assistência de Jay-Z, que traz boas linhas como “Eu esgoto arenas/Chamo isso de dominação!”); a faixa produzida por Stargate, com sample de XX “Drunk on Love”; e o balanço sensual da intro “Birthday Cake”, e, talvez a mais notável, a excentrica, máquina orgânica de “Cockiness”, uma faixa clássica de Bangladesh que mistura gritos, quebras de batida e berrantes e o que pode ser a melhor (ou mais boba) frase convidativa do ano, quando Rihanna murmura “Chupe minha arrogância/Lamba minha persuasão” (é essa ou a de Gaga “Quero sua boca com sabor de whisky/Por toda minha loira região Sul”)
Claro que toda essa produção seria vazia se Rihanna não as checassem a cada passo no caminho. Tem a letra provocante de “What ‘n Learn”, um refrão que ela mesma fez em “We All Want Love”, e sua balada de conclusão do álbum “Farewell”, que pode ser a melhor parte vocal do álbum. Ela tem atitude e altitude e até um pouco de verossimilhança – todos os itens necessários que trabalharam incrivelmente bem em “Talk That Talk”.
E claro, a música final pode ser um pouco lenta, mas você certamente pode dizer a mesma coisa da maioria dos álbuns pops, não? O ponto é, é necessário uma verdadeira garota má para criar um álbum ousado como esse – independente do gênero – e em “Talk That Talk”, Rihanna prova que pode ser a garota mais malvada de todas.
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